ARTE PRÉ-HISTÓRICA BRASILEIRA E ARTE DOS POVOS LATINO-AMERICANOS: INCAS, ASTECAS E MAIAS

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Trabalho apresentado ao curso de Licenciatura em Música da Faculdade Nazarena do Brasil como parte dos créditos exigidos na disciplina de Introdução à História da Arte sob a orientação da Profª Katia Kato.


INTRODUÇÃO

            O homem não surgiu na América, veio de fora. O continente americano foi alcançado durante o período Paleolítico, por homens já no estado atual de desenvolvimento, o Homo erectus, segundo muitos especialistas. Existem algumas hipóteses de como esse povoamento ocorreu, e a mais aceita é a de que se deu através do estreito de Bering, entre a Ásia e a América do Norte.
            “As migrações e a dispersão populacional pelo continente, ao longo dos anos, ajudam a explicar a diversidade linguística que se observava na América pré-colombiana” (VICENTINO & DORIGO, 1997, p. 15). Como pré-colombiana entende-se a América antes de ser descoberta por Cristovão Colombo.
            Pré-história é o nome dado ao período que antecede ao relato escrito; dessa forma podemos dizer que o período pré-histórico é diferente para cada país ou civilização, de acordo com o início de sua história. Assim, a pré-história no Brasil trata de todo o período anterior a 1500 d. C., ano em que o Brasil foi descoberto e sua história começou a ser documentada.
            Apesar da posição social, política e econômica que os Estados Unidos da América e o Brasil possuem atualmente, foram outras três civilizações que dominaram grande parte da América, até a chegada dos europeus, que aconteceu no século XVI. Estes povos eram os astecas, os incas e os maias, e tiveram seu auge em momentos diferentes. Junto com a herança arqueológica brasileira, estes três povos deixaram na arte a sua impressão, e despontam como civilizações avançadas.
            Este trabalho tem por objetivo entender um pouco mais sobre a arte pré-histórica do Brasil, bem como das civilizações astecas, incas e maias.

           
BRASIL

            Desde o início da descoberta do Brasil, determinados vestígios intrigavam os primeiros viajantes. Eram vestígios de restos arqueológicos, como montes de conchas de alturas até 30 metros com esqueletos e objetos de pedra em seu interior, potes de barro enterrados feitos de cerâmica, e pinturas de animais e sinais diversos executados em paredões rochosos ao ar livre ou no interior de grutas e cavernas.
            As evidências mais antigas da presença do homem no Brasil estão principalmente nos estados da Bahia e Piauí, com a fabricação de pedras e ossos lascados, bem como outras marcas humanas, embora outros vestígios de presença humana tão antiga estejam presentes em todo o Brasil. Por volta de “10000 a. C. já havia inúmeras comunidades humanas espalhadas pelo território brasileiro” (VICENTINO & DORIGO, 1997, p. 21).
            Os primeiros povoadores do Brasil estão divididos em duas áreas geográficas: a região amazônica e o Brasil centro-meridional. Ao sul da bacia Amazônica, na região do Mato Grosso, foram descobertos instrumentos pré-cerâmicos com datação estimada em 12500 anos, e no sul de Goiás, com datas superiores a 8000.
            Os povos amazônicos espalharam-se pela região sobressaindo, por volta do ano 1000, a cultura marajoara. Acredita-se que nessa época tenha se desenvolvido a sociedade mais complexa da Amazônia, cujo desaparecimento remonta à chega dos conquistadores europeus.
           

A ARTE PRÉ-HISTÓRICA BRASILEIRA

            A princípio achava-se que o homem pré-histórico brasileiro era nômade, mas em função das descobertas arqueológicas principalmente no litoral de Santa Catarina, concluiu-se que era sedentário, com a prática da pesca e da coleta. Através dos esqueletos encontrados, percebeu-se que os homens tinham uma estrutura óssea robusta, provavelmente em função de alguma atividade física constante, como a pesca.
            O mais próximo de uma arquitetura dessa época no Brasil são os sambaquis, que eram amontoados de conchas, com ossos de mamíferos, equipamentos de pesca e até objetos de arte, que tinham o formato de um monte. Muitos sambaquis eram usados como túmulos, o que traz uma pequena semelhança com as pirâmides do Egito Antigo. Vestígios de oferendas, restos de fogueira e de comida indicam que algum tipo de ritual precedia o sepultamento. Em Santa Catarina, há um sambaqui com mais de 43 mil cadáveres.
            Após provavelmente uma década que os mortos estavam sob uma camada de aproximadamente 60 centímetros de espessura, mais desse amontoado era jogado, para que mais corpos fossem ali sepultados.
            Os sambaquis se situam numa faixa de tempo que vai desde 8000 a. C. até o ano 500 d. C.
            Quanto à arte rupestre, pinturas e gravuras encontradas na região de São Raimundo Nonato (Piauí) chegam a ter 12000 anos. São desenhos e esboços de animais, pessoas, plantas e objetos.
            Na ótica da história da Arte, isso representa o começo da arte primitiva brasileira. Nos sertões nordestinos se desenvolveu uma arte rupestre pré-histórica das mais ricas e expressivas do mundo, demonstrando a capacidade de adaptação de numerosos grupos humanos.
            Normalmente as pinturas não eram feitas no lugar de habitação, mas sim em lugares cerimoniais, embora o sítio Toca do Boqueirão da Pedra Furada, seja riquíssimo em arte rupestre, demonstrando assim que, apesar de a ocupação não ter sido intensa, ela foi longa. A moradia dos homens era em aldeias, fora dos abrigos pintados. Em muitos casos os lugares cerimoniais eram usados simultaneamente como locais de culto e cemitério.
            Em fevereiro de 2012 foram divulgados os resultados de análises feitas num petróglifo – imagem pré-histórica gravada em pedra - encontrado a 4 metros de profundidade no sítio arqueológico de Lagoa Santa, em Minas Gerais. O desenho, apelidado de “Taradinho”, data de 10400 anos. Nesse mesmo sítio, em 1975, foi encontrado um fóssil, que se tornou célebre e recebeu o nome de Luzia, sendo cientificamente comprovado que tinha 11500 anos, sendo, portanto, o fóssil humano mais antigo das Américas.



ASTECAS

            O grandioso Império Asteca possuía mais de quinhentas cidades e possuía mais de quinze milhões de habitantes. A agricultura foi a principal atividade econômica desse povo, e graças a ela, os astecas se tornaram numa civilização numerosa.
            O idioma dos astecas era o nahuatl, e para a escrita usavam pictogramas, com figuras de serpentes, seres humanos e elementos da natureza; simbolizavam ideias e até sons de sílabas.
            A maior cidade das civilizações antigas da América foi Tenochtitlán, que hoje é a Cidade do México. Em seu auge, tinha mais de 140 mil habitantes. Maior que as grandes cidades europeias.
            Desenvolveram um planejamento urbano impecável, com quilômetros de estradas e aquedutos.
            Montezuma II foi o último imperador, e travou uma grande batalha que acabou perdendo com os espanhóis.
           
A arte asteca
            Arquitetura
            As construções astecas possuíam muito mais grandeza do que qualidade. Continuamente milhares de artesãos trabalhavam para construir e manter os templos e os palácios. Também construíam grandiosas pirâmides de terra e pedra, e no topo delas, pequenos templos eram construídos, com escadarias levando aos seus portais. Em Tenochtitlán havia cerca de cem pirâmides e torres, e o maior deles, o Templo Maior, era composto de várias construções, uma sobre a outra. Entre uma construção e outra, os astecas deixavam oferendas para os deuses, como estátuas e animais. Ao contrário das pirâmides do Egito, elas não foram construídas como câmaras funerárias, mas sim para espelhar as montanhas que haviam ao redor das cidades e para cerimônias feitas às divindades. No templo que ficava no topo eram oferecidos sacrifícios humanos aos deuses.
            Enquanto os templos eram construídos com pedras e alinhados aos astros, o povo morava em cabanas feitas de madeira com lama seca.
           
            Arte
            Os astecas faziam suas esculturas sempre relacionadas às divindades e para causar temor. A mais famosa é a Pedra do Sol, que está no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México. Tem 3,7 metros de diâmetro e no seu centro tem a imagem do deus Sol, mostrando os dias da semana asteca.
            Utilizavam pedras preciosas bem como metais preciosos para o desenvolvimento tanto de estatuárias como de ornamentos e joias.
            Alguns livros feitos pelos astecas também sobreviveram ao tempo, e mostram uma sociedade moral e ordeira. Tudo na vida e na morte era pré-ordenado.
           

INCAS

            Um dos mais importantes impérios americanos no século XV, os domínios dos Incas se estendiam pela costa ocidental da América do Sul, abrangendo mais de 4000 km. Cuzco era a capital deste império.
            Os Incas possuíam uma organização social e política considerada perfeita, e possuíam espírito comunitário.
            Adoravam o Sol, e acreditavam que ele reencarnava no imperador, que era considerado filho do Grande Sol, e assim, um deus dentre o povo. Os mortos eram sepultados não somente em templos, mas também em torres túmulos e Chullpas. Os templos dos Incas não passavam de habitações com dimensões maiores, e eram construídas à superfície da terra.
            Os incas estabeleceram uma rede complexa de caminhos e mensageiros encarregados de transmitir mensagens, resolvendo assim os problemas de comunicação existentes em virtude da geografia existente nos Andes.
            Desenvolveram a agricultura e empregavam fartamente os metais, como cobre, ouro e prata, o que acabou despertando o interesse dos conquistadores.
            Em 1553, depois de uma guerra civil, o império Inca foi conquistado e submetido à coroa espanhola, e sua cultura totalmente destruída.
            O que restam hoje são apenas ruínas de seus grandiosos monumentos, templos e palácios.
            Os incas falavam o quéchua, e possuía vários dialetos. Ainda hoje, quase metade da população do Peru ainda usa esse idioma. Por outro lado, eles não desenvolveram a escrita, mas criaram um sistema complexo para números na forma de nós distribuídos em uma corda.
            Comparado com os astecas e os maias, o império inca foi o maior em número de súditos: 12 milhões de pessoas. Na época da chegada dos espanhóis, Cuzco tinha cerca de 40 mil habitantes. Machu Picchu, cidade inca também muito famosa, era bem menor, em torno de mil pessoas.

A arte inca
            Arquitetura
            Os incas eram construtores exímios; sem o auxílio de argamassa, edificaram paredes tão perfeitamente ajustadas que era impossível introduzir a lâmina de uma faca entre as pedras. Cuzco, a capital, era superior a tudo o que existia nessa época na Europa, com o pavimento feito totalmente de pedras lisas.     
            Construíram também pontes pênseis sobre rios. Muitas dessas pontes ainda foram usadas até o século XX.
            No litoral, as construções eram feitas de adobe, que era uma espécie de tijolo feito de argila, e na região andina, eram feitas de pedra. A grande maioria de suas construções costumava ser retangular.
            Um dos mais belos exemplos da arquitetura inca são as ruínas de Machu Picchu, uma cidade construída nos Andes, onde foi construído também um observatório astronômico.
            Artes
            O artesanato têxtil era de um grande apuro técnico, destacando-se pelas estampas variadas e cores vivas. Muitos mantos sacerdotais eram bordados a ouro, bem como luvas de ouro, que podem ser encontrados no Museu do Ouro, em Lima, Peru.
            De ouro também eram feitos ornamentos de capacetes, copos, taças, brincos e placas peitorais. A prata era usada para fazer canecas, jarros, pratos, talheres e enfeites domésticos.
            Das artes produzidas pelos incas nenhuma foi tão original quanto a cerâmica. Entalhadas ou pintadas com figuras de felinos, outras pintadas de vermelho ou laranja, e até mesmo uma cerâmica quase branca com decoração entalhada. Em Nazca desenvolveu-se uma cerâmica delicada com espessura muito fina, muito polida e enfeitada com frutos e flores. Também utilizava como elemento decorativo, cabeças humanas reduzidas e mumificadas.


MAIAS

            Os Maias, das civilizações pré-colombianas, são os mais misteriosos e provavelmente os mais antigos. Quando os espanhóis chegaram ao continente americano, a civilização maia já estava em declínio, o que começou a acontecer em 900 d. C., talvez pelas sucessivas guerras, ou por uma grande seca de dois anos.
            Esta civilização estendeu-se por toda a península mexicana, entre o Golfo do México e o Mar do Caribe, onde hoje ficam a Guatemala, Honduras, El Salvador e Belize. Em todas estas regiões descobriram-se ruínas de cidades maias.
            Ao contrário de outras civilizações, os maias não se organizaram politicamente através de um poder político centralizado. Em toda a extensão territorial dessa civilização observa-se a presença de vários centros urbanos independentes.
            Como as outras civilizações citadas neste trabalho, os maias também tiveram o seu esplendor pelo controle e desenvolvimento da agricultura, sendo o milho o produto de maior consumo. Para ampliar a vida útil de seus terrenos, os maias organizavam um sistema de rotação de culturas.
            Os maias já entendiam o conceito do número zero, que só posteriormente seria bem compreendido pelos europeus.
            Os maias não possuíam um idioma principal, mas vários dialetos. Na escrita, desenvolveram hieróglifos, que podem ser encontrados nas paredes de seus templos e palácios. A maioria dos textos maias já foi decifrada, e registra principalmente as histórias das dinastias.
            Apesar de a civilização maia ter sido quase toda dizimada, ainda hoje existem cerca de 4 milhões de descendentes na América Central. Com isso dá para se ter uma ideia da grandiosidade de sua população. Algumas cidades maias tinham por volta de 50 mil habitantes, e eram muitas vezes independentes.
           
A arte maia
            Arquitetura
            Os palácios e templos eram de pedras, enquanto a população comum vivia em cabanas de madeira.
            Os maias produziram obras arquitetônicas tão grandiosas quanto os egípcios, gregos e romanos. Na cidade de Teotihuacán havia um complexo monumental de 600 pirâmides. Em Tikal, havia um templo com 70 metros de altura, o maior edifício erguido na América antiga.
            Desenvolveram o melhor calendário dentre os povos antigos. A pirâmide Chichén Itzá é um gigantesco calendário, com uma escadaria de 91 degraus de cada lado, somando-se 364, mais o patamar superior, 365.
            As pirâmides maias não tinham a função de túmulo, mas serviam de observatórios astronômicos, sendo que apenas os sacerdotes podiam subir ali, depois de uma cerimônia de purificação.
            Os templos maias possuem muitos efeitos decorativos com muita semelhança à arte chinesa, o que proporciona uma especulação bem imaginativa aos estudiosos sobre o contato maia com a Ásia Oriental. Variados materiais e técnicas foram usados nessas construções.
            As estruturas eram suntuosas, com grandes plataformas feitas de pedras, paredes de terra batida e depois revestida por pedra talhada ou argamassa. Os tetos tinham forma de falsa abóboda
            Na Reserva da Biosfera Maia, que abrange 575 quilômetros quadrados da floresta tropical, é possível encontrar toda essa riqueza da civilização maia.

            Arte
            Os exteriores de palácios e pirâmides apresentavam esculturas em suas decorações. A serpente é a representação mais encontrada em ruínas.
            O jade era um material ritual e mágico mais valorizado do que o ouro. Era a joia favorita. Os reis maias a utilizavam como dentes postiços. Uma vez enterrados, as máscaras fúnebres cobriam o seu rosto, e depositavam em sua boca contas de jade e milho para saciar a fome no País dos Mortos.

A MÚSICA NAS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS

            Os astecas, incas e maias tinham muitas cerimônias, sempre com muita música oferecida às divindades.
            Algumas dessas músicas podem ser escutadas nos links abaixo:


    Música inca by William Petrauskas

    Música asteca by William Petrauskas

Musica maia by William Petrauskas
           


Referências

A ARTE MAIA: A arte e as crenças religiosas: discoverybrasil.uol.com.br, c2012. Disponível em <http://discoverybrasil.uol.com.br/guia_maia/arte_maia/index.shtml>. Acesso em 07 abr. 2012.
ABAR: Associação Brasileira de Arte Rupestre: ab-arterupestre.org.br, c2006. Disponível em: < http://www.ab-arterupestre.org.br/>. Acesso em 07 abr. 2012.
EYDOUX, Henri-Paul. À procura dos mundos perdidos: as grandes descobertas arqueológicas. Tradução de Ulpiano T. Bezerra de Menezes. Capítulo sobre a Arqueologia brasileira elaborado pela Profª Luciana Pallestrini. 2 ed. São Paulo: Melhoramentos; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1973.
HISTÓRIA DO MUNDO: historiadomundo.com.br, [2012?]. Disponível em < http://www.historiadomundo.com.br/>. Acesso em 07 abr. 2012.
NAVARRO, Roberto. Quem foram os incas, os maias e os astecas? São Paulo: Editora Abril, c2012. Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quem-foram-os-incas-os-maias-e-os-astecas>. Acesso em 08 abr. 2012.
RATIER, Rodrigo. O que são sambaquis? São Paulo: Editora Abril, c2012. Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-sao-sambaquis>. Acesso em 08 abr. 2012.
SILVA, Raul Mendes. Manifestações artísticas no Brasil pré-histórico: raulmendesilva.pro.br, c2008. Disponível em < http://www.raulmendesilva.pro.br/pintura/pag001.shtml>. Acesso em 07 abr. 2012.
VICENTINO, Cláudio & DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997.
VILICIC, Filipe. O primeiro desenho brasileiro. Revista Veja. São Paulo, p.78, 29 fev. 2012

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